domingo, 26 de agosto de 2012

clichê 1

Sete da manhã, o despertador toca. Ela roça as pernas na dele, ensaia um cheiro no pescoço, se espreguiça e se levanta. Coloca a água no fogo, escova os dentes e ajeita as madeixas curtas. Volta para o quarto, beija seu amado e se amam nessa manhã em que o dia será corrido. Volta a cozinha e faz o café. Toma o banho para espertar, se arruma e dá mais um beijo antes de ir embora.
Ele. Sente a perna da amada nas dele e sente o respirar dela em seu pescoço. Ela sai e ele cochila mais um pouco e quando acorda a vê entrando no quarto e sente que o mundo poderia acabar ali, pois se sentia completo com a ternura dela. Fazem amor e no extremo disso e beija o pescoço e sente a pele dela o cheiro de jasmim. Sente que ela vai trabalhar. A manhã acaba. Ele também vai. E na porta da casa os dois tomam rumos diferente.

Nota antes de dormir

Há coisas que nunca mudam. As unhas por fazer, as brigas démodé e as palavras por dizer.
Há tantas outras coisas que se misturam, se sacodem, no entanto, voltam ao seu estado normal.
e a gente tenta se sair das coisas que nos cansam, mas no final, estamos novamente sentindo prazer e poder tê-las e saber que sempre continuarão por perto.

sábado, 4 de agosto de 2012

As linhas não podiam mudar

De repente nos vemos em uma tarde, com pôr do sol, lembrando dos tempos em que era bom caminhar com os velhos amigos, escutando a canção do momento, em meio a tantos carros que seguiam seus rumos, enquanto procurávamos ainda o nosso, porque o caminho que queríamos não era real. Havia vento no peito, risadas e a seríamos capazes de viver assim, na simplicidade de uma vida tranquila, sem se preocupar com amanhã.
Entretanto esse "amanhã" chegou. Uns amigos ficaram, outros não. Uns fizeram família, outros não. E as coisas começaram a ser vistas de outra forma. O pão agora é comprado com nosso suor. Os filhos precisam da gente e o que fizemos de errado? Será que pegamos o trem certo ou errado? Não sei. Mas sei que aquele tempo em que tentávamos nos equilibrar no meio fio da rua era bem mais gostoso que se equilibrar financeiramente, pois há muitas contas a pagar.
Não há razão pra reclamarmos. Tínhamos opções, tínhamos dircenimento das coisas. Hoje, estamos com mais de duas décadas nas costas. Temos a internet pra podermos procurar as músicas que tanto nos marcaram.
Nostalgia? Saudade? Quem sabe. A certeza é que temos que pensar no amanhã. E isso dá medo. Medo de me perder em mim mesmo.