Estão apelando nas propagandas políticas falando da família tradicional, aquela talhada na Constituição Federal. Isso mesmo, aquela confeccionada no ano de 1988, 26 anos, flor da idade.
Será que ninguém percebe que a sociedade se transformou, que a homossexualidade já é um fato, tão fato quanto a família hétero?
Mas se o que vale é seguir a norma, por que então não mudamos nossa Carta Magna? isso é algo tão comum. Não é a primeira da história do Brasil. É só mais uma. Ela tem toda sua importância, normatiza a igualdade sem distinção de sexo. Nos mostra alguns princípios basilares para sua práxis. Entretanto, já não abarca a todos na sociedade. Não precisa ser a maioria, basta ser da sociedade, participar, afinal ela é escrita com a mão da sociedade, para a sociedade e não para o Estado ou maioria. É para todos e de todos.
Não seria desfazer e rasgar a Constituição. Seria evoluí-la.Desde 1824 mudamos nossa Constituição, conforme o desenvolver da sociedade.Homo, trans, bi, hétero, brancos, negros, são todos, antes de tudo, humanos, com direitos e deveres. Calar essa parcela da sociedade e vetar seu direito de ir e vir, seu direito de fazer valer sua vontade, sem afetar a do outro. É forçar esconder aquilo que em essência a pessoa é.
Isso me lembra o direito do homem rousseauniana sendo trabalhada desde o século XVIII, quando a tortura foi considerada inadmissível, até que foi tomada como crime. Ou quando a mulher lutou pelo seu direito político! Devemos perceber que todos os recortes da história houve um motivo pelo qual a "minoria" lutava.
Como a sociedade devia se comportar diante destas manifestações? Creio que com o mesmo preconceito que hoje. Entretanto foi vencido.
Eu espero sinceramente, e creio que a sociedade já caminha para isso, que as classes consideradas minoritárias venham ser constitucionalizadas, não só tomadas como pessoas, mas tomadas também como pessoas que venham possuir o direito na medida da desigualdade e assim se equiparar aos ditos iguais.
